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Manual de Compras



Viajei através de passagens compradas em promoção com destino Rio de Janeiro. Para começar me colocaram no último assento do lado do banheiro, a poltrona da mulher da frente estava totalmente dobrada para cima do meu nariz. Ou seja: viajei cheirando uma poltrona mofada, sem espaço para as minhas pernas, sendo acordada da pior maneira a cada descarga dada ao lado. Resumindo: Viajei de carona!
Sem falar no cara que estava sentado a esquerda, que era bem maior do que eu e ficava encostando a cabeça no meu ombro. Começou a puxar papo falando bem alto que adora ficar com mulheres mais novas, contou uma piada racista que me fez sentir vergonha por participar daquela conversa mesmo como uma simples ouvinte compulsória, nessas horas é que desejo ser grossa, ainda mais por causa do péssimo hálito que o sujeito possuía, esperei ele dar uma brecha para puxar o fone e ligar o ipod para não acabar com o resto do meu humor.
Acho que um lugar no bagageiro junto com o Fila que estava no mesmo avião seria bem mais confortável.
Resolvi ir ao banheiro e olhar o que tanto encantava as pessoas por trás daquela porta. Quando girei a maçaneta saiu uma coreana meio suspeita do local cheia de sacolas na mão.
(Coreana) - OLÁ, OLÁ! QUER OLHAR ? QUER OLHAR?
Bom, tive uma reação assustada com a gritaria da mulher baixinha, com corte de cabelo cuia e resolvi aceitar, pois tinha que seguir a regra de comprar coisas que nunca compraria na minha cidade, somente para saborear o sentimento libertino de poder tudo longe da prisão domiciliar.
(Coreana) -MUITA CANETA! DEMAIS CANETA! OLHA! OLHA!
A baixinha puxou canetas de todos os tipos. Já estava sentindo a minha relação de consumo se manifestar. Resolvi perguntar se também tinha carga para vender.
(Coreana) – PRESTA SIM! RISCA, RISCA, RIIIIIISCA!
Fiquei meio desconfiada por ela responder algo completamente diferente do que tinha perguntado, fiz a sua vontade e risquei para testar o produto, depois repeti a indagação.
(Coreana) – NÃO TEM VREMELHAAA!
Certo! A cabelo de cuia não sabe falar português, só sabe vender como português. Comprei duas que pareciam ser falsificação de uma que o meu pai tem, acabei falando isso em voz alta, pois já estava mais do que constatado que a baixinha não falava a minha língua. Foi quando veio a fúria:
(Coreana) – FALSIFICAÇÃO NO! É CHING-LING!
Puxou o dinheiro da minha mão, enfiou as canetas dentro de uma sacola de papel e voltou para o banheiro.
Aprendi três coisas:
1- Ir a um banheiro aberto ao público apenas por curiosidade e não por necessidade não vale a pena.
2- Não tente contradizer um vendedor estrangeiro que não fala a sua língua. É perda de tempo.
3- Nunca fale a palavra “falsificação” para um vendedor. Não importa o país, ele sabe o significado em todas as línguas. Use Ching-ling porque é um eufemismo aceito pela a classe.
Voltei para o meu lugar meio frustrada com o acontecimento, no final das contas realmente queria as cargas para as minhas novas canetas.
Quando já estava conseguindo cochilar, lembrei de um fato importante: que eu nunca mais poderia usar o banheiro do avião porque tinha uma coreana sacoleira e ressentida trancada nele. Foi o estopim para ficar imediatamente apertada.
Por que sou assim? É só saber que não tem banheiro para ter vontade, ou que não tem água para sentir sede.
E ainda veio uma outra pergunta:
O que diabos essa coreana fica batendo a descarga a cada cinco minutos?
Eu tinha que perguntar isso para aquela vendedora, a minha curiosidade foi atiçada outra vez. Pensei em um plano! Decidi mandar um bilhete anônimo para alguma aeromoça denunciando que havia uma coreana vendendo canetas ching-ling dentro do toilet(nome mais chique), que batia a descarga a cada cinco minutos tirando o sossego dos passageiros e que os mesmos exigiam uma explicação concreta para tanta descarga.
Ócio dentro do avião causa isso. Mandado o bilhete não demorou muito para duas aeromoças irem em direção ao local. Banquei a discreta para que ninguém desconfiasse, principalmente a sacoleira. Não estava preparada para uma praga oriental forte.
Passado um longo tempo, finalmente as aeromoças voltaram para os seu postos, mas nada da pequena pessoa. Olhei para a portinha que estava aberta (automaticamente a vontade passou).
O que aconteceu com a pobre coreana? Colocaram ela para viajar com o Fila?
Depois dessa resolvi tomar um dramin e capotar, essa história já estava me consumindo.
Quando chegamos fui direto pegar a minha única mala despachada.
Vinte minutos esperando e nada da minha bolsa aparecer na esteira, já estava preocupada porque só tinha eu e mais três pessoas esperando, sem contar com um saco aparentemente sem proprietário, do tamanho de um corpo, enrolado em fita adesiva, que já estava na sua décima rodada .
Quando finalmente apareceu a minha bagagem, já não tinha mais ninguém esperando e o saco continuava a rodar. O que tem de tão comprometedor naquilo para o dono não se manifestar?
Até que veio uma luz na minha cabeça que me fez tremer e soltar:
- Coreanazinha???????????


*Foto: Renan Viana*

Fim de Romance



Fiquei paralisada olhando por 20 minutos, senti um calafrio repentino, as pernas ficaram meio bambas, para acalmar e raciocinar resolvi puxar o ar bem devagar. No que Antônio Parreiras estava pensando quando pintou “Fim de Romance”?
Percebi que a minha mente não poderia chegar ao ápice da mente dele. Junto com a felicidade de estar contemplando a minha obra favorita veio a frustração. Apenas de estar ali ao vivo de frente para ela, tive mudanças instantâneas na minha mente, me tornei uma pessoa melhor. Como o autor se sentiu?Um Deus? Pois ele se eternizou nas suas pinturas por possuir a capacidade de exteriorizar cores, palavras, música, beleza e ódio em uma só tela.
Chega a ser perigoso esse poder de controlar alguns por meio dessas expressões viciantes. Simplesmente um desconhecido conseguiu mexer com fúrias intimas de outros estranhos.
Tive vontade de levar aquela obra junto comigo, mas seria egoísmo guardar algo tão grande em um lugar pequeno e restrito.
Fui embora com apenas uma conclusão: todos fazem parte do mundo, mas poucos participam dele.


Foto: Renan Viana

Representação mental de uma coisa concreta


Quando a pessoa nasce no Brasil, automaticamente recebe a cidadania do país através da regra “Jus Solis” mitigada.
Quando recebe a cidadania por transmissão de um ascendente, como pai, mãe, avós, bisavós é considerada “jus sanguinis”, ou seja, herda o direito de obter a cidadania de seus ascendentes através do sangue. Neste caso a pessoa passa a poder fazer uso das duas cidadanias, uma vez que o Brasil não exige que se abdique da nacionalidade Brasileira para que se possa fazer uso de outra, herdada dos ascendentes. Após a consolidação da U.E. (União Européia) o fato de possuir esse passaporte vermelho ficou mais atraente.
Tínhamos duas opções, a portuguesa e a espanhola. Depois de algumas pesquisas e a falta de vontade da família do meu avô que era da parte espanhola, decidimos partir para a portuguesa que era bem mais fácil de tirar e que também não era necessário para os bisnetos residir por um ano ininterrupto no país.
Dado o ponto de partida, começaram as investigações. Infelizmente a nossa avó não possuía nenhuma documentação do seu pai, a alternativa seria fazer uma invasão na casa das suas duas irmãs viúvas que eram cuidadas pela a filha de uma delas em um bairro antigo de Belém.
A sorte é que visitávamos as velhinhas ritualmente em seus aniversários sempre levando comida e presentes. Mas naquele dia a intenção era diferente. A filha com toda a boa vontade, procurou dentro de um baú surrado, cheio de mofo e papéis amarelados algum indicio do nosso bisavô português. Depois de uma hora de busca foi descoberto que naquele “bolo” de documentos estava a chave para conseguir o que queríamos: uma carteira antiga onde confirmava a naturalidade.
Mas isso não era o suficiente, era necessário ir para o interior em que ele residiu e casou com a nossa bisavó, para conseguir uma certidão de casamento, e não menos importante, descobrir a Freguesia de sua Origem, pois se não achasse, a pesquisa para a localização da sua certidão de nascimento em Cartórios de Portugal poderia durar anos.
Meus país e a tia heroína (a pessoa que iniciou o processo) partiram de manhã cedo para o interior, em duas horas chegaram no cenário em que a minha avó passou a sua infância e viveu milhões de histórias que conta até hoje.
Foram direto para o cartório que era uma casinha de um quarto com diversos livros antigos e uma máquina de datilografar enferrujada. Foi feita a pesquisa em cima da listagem para a 2º via dos documentos necessários. Já estava praticamente tudo acertado, mas o local de nascimento do ascendente ainda não tinha sido descoberto e havia milhares de pastas para a busca, para completar a funcionária do local informou que nos anos 50 houve um incêndio que levou embora vários documentos.
O meu pai pensou por alguns minutos e decidiu usar como filtro a seguinte pergunta: A pasta mais antiga do cartório.
A Cartorária pegou o documento mais velho que havia e encontrou o que faltava. O local era Celorico de Basto, na Freguesia São Clemente de Basto. Pronto, agora o processo seria bem mais rápido, era apenas necessário pegar todos os documentos da vovó.
No meio da papelada faltou a certidão do vovô, essa missão ficou por minha conta, pois como o mesmo já faleceu e ninguém sabia qual era cartório era necessário fazer uma seleção dos mais antigos. Visitei três cartórios até chegar em um que foi Fundado em 1881. E lá estava a própria.

Depois da entrada do processo da vovó que é a primeira a receber a dupla nacionalidade, entra os seus filhos e logo em seguida os bisnetos que são os limites para este direito.
Epílogo:
Fato importante relatado que acabou mudando os meus objetivos que estavam presos em uma neblina. Precisou haver um empurrão fortuito para perceber que o que eu quero ainda não é um apartamento ou um carro melhor, pois são bases que irão me prender prematuramente a um só lugar. Agora quero a liberdade para fazer as coisas que me fazem feliz.
Quando se destaca tudo na vida achando que cada pequeno detalhe é importante, significa que nada é relevante.

Confiança.

A confiança pode ser umas das formas de Capital Social existentes, como Albert Hirschman denominou "recursos morais", isto é, recursos cuja a oferta aumenta com o uso, em vez de diminuir, e que se esgotam se não forem utilizados. Quando mais duas pessoas confiam uma na outra, maior a sua confiança mútua. Por outro lado:
Uma profunda desconfiança dificilmente é eliminada através da experiência, porquanto ou ela impede as pessoas de terem a experiência social adequada, ou, o que é pior, induz a atitudes que valorizam a própria desconfiança. Uma vez instalada a desconfiança, logo se torna imposível saber se era de fato justificada, pois ela tem a capacidade de satisfazer a si própria.

Ou seja: Confiança = Dinheiro.

Cría Cuervos - 1976


Leia antes de escrever, para não recriar com dúvidas o que já existe.
Deborah Viana

Corvos



Ela ficou parada quando sentiu que a sua música preferida estava sendo tocada de forma suave e perfeita. No final da última nota adormeceu com a tranqüilidade transmitida pela pessoa que a estava tocando.
A menina sabia, não poderia ser outro alguém para compor e exteriorizar aquela melodia. Era exatamente da maneira descrita em um sonho perdido de alguma noite comum.
Depois daquela madrugada o piano não poderia ser mais tocado por ninguém, nem a música poderia ser escutada.
Foi um momento que se transformou em lembrança e foi guardado por apenas uma criança egoísta que queria colocar alguma coisa boa da sua infância na sua caixa de recordações.


O meu tipo de cinema é o do escapismo. Que funciona como um refúgio do nosso mundo real. Aquele que desperta imaginação sobre os que assistem, concretizando sobre ele um delírio visual e emocional deslumbrante.
Algo lindo de ser visto várias vezes:
The Fall (2006)
Direção: Tarsem Singh
Roteiro: Dan Gilroy, Nico Soultanakis, Tarsem Singh, baseado em roteiro de “Yo Ho Ho”, escrito por Valeri Petrov

Rasuras


Eterna insatisfeita com necessidade de ser sempre ouvida, que está desaprendendo a escrever por ler coisas inúteis, adora o desnecessário e os vilões sempre foram os seus favoritos, na maioria das vezes não leva assuntos importantes a sério e, para completar, a sua atenção é presa constantemente pelo o defeituoso.

O pruriginoso.


Deve ser feito agora e vai surgir do nada o seu significado, entretanto só irá valer neste segundo.
Visitar aquele lugar que nunca tinha entrado e ver como somos pequenos em relação as coisas, criou a potenciabilidade de existir algo maior para cada um.
Foram vários pedidos de perdão e de clareza que tocou de forma transcendente. Nunca tinha ido a um espaço como aquele por vontade própria, mas foi sentida a necessidade de estar lá naquele momento. O que motivou e sustentou tudo?
E ainda construiu o sentir de uma forma forte e ao mesmo tempo fraca.
A impulsividade não possui explicação. Faz parte das pessoas, ninguém é simples e todos possuem os seus momentos indecifráveis como o de uma terça-feira do mês de Setembro de 2009, onde pela primeira vez um lugar incrível, detalhado e cheio de história tirou o ar de alguém que nunca se importou.

Eram flores partidas e uma pequena questão de fascinação.

Fato.

Tudo poderia estar esclarecido em pequenos gestos e palavras, mas devido a essa natureza inquieta e ansiosa fica misturado e difícil.
O que você mais gosta de fazer? Quais são os seus planos? Qual é a sua principal realização?
E a admiração que surge naturalmente no decorrer do dia e nas pequenas conversas?
É tão desconfortável esta insatisfação perseguidora por não ter nada concreto e se sentir sempre imóvel.
Acaba provocando essa maneira tão chata e confusa de escrever e descrever acontecimentos externos, internos e até mesmo fictícios.
Fico sem dormir e morro de frio quando tenho esses sonhos.
E o que poderia ser dito a oportunidade já passou, pois o passado não deve ser levado em consideração.
Todos os dias mudam, nem que seja uma vírgula, para toda a contextualização de um texto.
Sempre achou que o dia de amanhã poderia ser melhor.
Ela acabou esquecendo o que aconteceu no passado, pois a sua memória é de curta duração.
E a felicidade acaba vindo dessa sua característica que não é bem vista aos olhos dos outros.
O erro é reparado apenas no outro dia.

Devaneios, desatenção e frases soltas.

Eu estava viajando e não percebi o que estava acontecendo no meu país. De certa forma, foram dois pássaros pendurados em uma antena, que chamaram a minha atenção para um fato ainda não explicitado por alguém conhecido. Tenho certeza que em outra ocasião não repararia em algo tão simples e bonito, ocorre apenas nas fugas de pensamentos.
É a maneira mais praticada de ficar desatenta, que algumas vezes incomoda, mas é bem raro. E sempre entendia o contrário, não chegava nem ao menos formar uma perífrase na minha cabeça do que foi dito. E o mais irônico é que quero explicações saudáveis para as minhas perguntas. E quando falaram para corrigir que as pessoas não custam, deu para perceber que ninguém sabia se expressar.
Não deu para ficar desatenta, apenas pensativa.

Deborah Viana

Contradição.

Quando eu receber a grande notícia , vou sair correndo desesperada como uma forma de querer extravasar a alegria que está quase explodindo o meu corpo.
Como você conseguiu se superar de uma forma tão grande sem fazer barulho? Definitivamente me impressionou, nunca pensei que um dia isso fosse acontecer.
Estava em casa e não queria mais sair de lá, estava tudo tão confortável e invisível, entende?
Realmente não presto para ficar isolada, pois começo a ter ideias trabalhosas demais para serem realizadas, imagina o tempo que eu iria passar para tentar concretiza-las?
Sair com você já não é mais interessante, são sempre as mesmas conversas, as mesmas pessoas e as mesmas polêmicas. Será que não dá para mudar um pouco? Ou a rotina é reconfortante?
Não há mais graça, pois não me transporta e também não me ilude.
Acho que estou vendo mentiras soltas flutuando por ai.

Deborah Viana

Pretérito Perfeito

Há uma grande dificuldade de se aplicar verbos que transmitem ideia de ação realizada e concluída. Tudo seria resolvido se fosse um problema de gramática, porém a questão é de acomodação. Ao contrário do modo imperativo que sempre é usado de forma correta e abusada em nossas relações.

Deborah Viana

Simples.



Enxergar algo totalmente fora da realidade agora, reflete o quanto as coisas são ridículas e sempre presentes durante o percurso. Não são mais consideradas novidades, sendo apenas denominadas como rotinas.
A situação rotineira se torna engraçada e fora de foco de evolução.
Poderia chegar a conclusão de que não tem mais jeito? Claro que não tem. Mas não há como perder força, ainda mais quando tudo é resumido em banalidade.
Sempre pode ser dominante e seguir uma linha reta sem desviar caminho para um destino mentalmente senil.
E tudo foi revogado pela vigésima quinta vez por questão de mérito e nunca anulada por provocação.
É engraçado.

Déborah Viana

Interesse.

De repente algo desperta o meu interesse de uma forma envolvente, gritante e única. Fico envolvida com os olhos brilhantes tentando desvendar cada pedaço. Tudo é levado em consideração e nenhum detalhe é colocado de lado.
Não dura, nunca dura.
Eu queria que durasse.
E o desinteresse fica tão estampado no meu rosto que não dá nem para disfarçar.
Existe algo que será sempre interessante? Ou devemos fingir que é interessante?
Ignorar erros que provocam desinteresse instantâneo não é se iludir por acomodação?
Deborah Viana

Dois de Agosto



O que é viver só pelo o nosso mundo e não precisar de mais nada? Quando se está dentro de casa somente com as suas coisas, com seus livros, seus filmes e obrigações banais. Acordar as três da manhã ouvindo uma música programada que no meio dos seus sonhos acabou se infiltrando fazendo parte de uma perfeita sintonia, que infelizmente acaba quando para de tocar. É quando você acorda , perde seu sono por completo e começa a ter diversos devaneios cheios de preocupações, reações negativas de fatos do dia que nem surtiram efeito na correria.
É um quadro confortante e ao mesmo tempo atordoante.
O melhor é saber que dentro da mesma casa existem pessoas que te amam incondicionalmente e que sempre vão estar perto para te apoiar no que for preciso.
Hoje no meu quarto, antes de dormir liguei a tv e estava passando um filme que faz parte dos meus favoritos.
Não assisti.
Apenas escutei até dormir.
Deborah Viana

O normal é não escrever.

São dez horas da noite.
Estou feliz e ao mesmo tempo fora de estação. Não estou confiável, pois não me encontro no meu normal responsável e limitador, mas também não estou no meu real sentido completo de felicidade, senão não estaria escrevendo nesse horário, estaria no meu estado de êxtase preguiçoso quando acho que tenho tudo e não preciso mais me mover para conseguir mais.
Também não estou triste, talvez um momento incompreensível até para eu mesma. Estado de loucura passageira? Claro que não acredito nisso, devido a minha criação que me ensinou a ser prática e nunca dramática, contudo como qualquer mulher possuo os meus momentos que podem ser descritos sem me preocupar, pois sei que ninguém vai entender e se entender, por favor me avisa, vou ficar surpresa. Mas não vou querer discutir acerca do assunto, pois acho que é pura perda de tempo, já que foi algo que passou.
É apenas uma passagem sem maiores dramas e novelas.
Deborah Viana

Livre...


Perdi lembranças marcadas dentro do meu computador de forma forçada. E eu uma colecionadora de recordações não aceitei de maneira fácil, pois acabei ficando sem nenhuma foto.
Uma forma obrigatória de começar de novo e de ter certeza que lembranças não podem ser colecionadas, elas devem ser livres para se perderem quando quiserem.
Déborah Viana

Faubourg Saint-Denis



- Sim?

- Thomas,escuta...

- Francine!

- Escuta... Ás vezes a vida exige uma mudança, uma transição; Como as estações! Nossa primavera foi maravilhosa, mas o verão acabou e deixamos passar nosso outono. E agora, de repente, faz frio, tanto frio que está tudo congelado. Nosso amor dormiu e a neve tomou-o de surpresa! E se algo dorme na neve, não sente a morte chegar! Cuide-se...

(...)

- Deixe-me sair!

- Francine, eu me lembro perfeitamente. Era 15 de Maio. A primavera tardava em chegar e se formavam nuvens de chuva. E você gritava.

- Bruno, por favor! Não agüento mais você!

- Olá? Estou ouvindo! Quem é Bruno?

- Estou ensaiando não percebe?

- Não, desculpe! ( Ela percebe que Thomas é cego)

- Não, desculpe-me.

- É atriz?

- Estou tentando! Hoje tenho uma apresentação. l

- No Conservatório?

- Sim.

- Que tipo de cena foi essa?

- É de um filme que atuei. Meu único até agora. Sou uma prostituta que é golpeada e violentada pelo seu gigolô. E ele a tranca em uma cela escura todo o dia e ela ficou louca. Mas no final eles se casam!

- Um gigolô e uma prostituta!?

- Merda! São dez horas? Tenho que estar lá às dez horas!

- Conheço um atalho, vamos?

- Espera...

- Por aqui!

- Está certo?

- Tudo certo!

(...)

- Isso foi rápido! Obrigada.

- Boa sorte.

(..)

- E claro, aceitaram. Deixar Boston e se mudar a Paris. Um pequeno apartamento em uma rua de Saint-Denis. Mostrei a ela meu bairro, meus bares, minha escola. Apresentei meus amigos, meus pais; Escutei-a enquanto ensaiava suas canções, suas esperanças, seus desejos. Sua música! E você escutou a minha. Meu italiano, meu alemão, meu russo. Dei-te um walkman e você uma almofada. E um dia ela me beijou! O tempo passou, o tempo voou. E tudo parecia tão fácil, tão simples! Livre, tão novo e único. Fomos ao cinema, fomos dançar fazer compras. Nós rimos você chorou. Nadamos, fumamos, nos machucamos. De vez em quando você gritava, sem razão. Ás vezes com razão, sim, às vezes com razão! Acompanhei-te até o Conservatório, estudei para minhas provas. Escutei suas canções, suas esperanças, seus desejos. Escutei sua música e você escutou a minha. Estávamos unidos, tão unidos, cada vez mais unidos! Fomos ao cinema, fomos nadar. Nós riamos juntos, você gritava as vezes com razão e as vezes sem razão! O tempo passou, o tempo voou. Acompanhei-te até o Conservatório, estudei para minhas provas. Escutou-me falar em italiano, alemão, russo e francês! Estudei para minhas provas! Você gritava, as vezes com razão... O tempo passou, sem razão! Você gritava sem razão! Estudei para minhas provas, provas, provas... O tempo passou e você gritava, gritava,gritava! Fui ao cenema.

- Bruno, estou morrendo aqui! Entende, estou morrendo! Abre! Alguém me ouve?

- Perdoe-me Francine!?

(...)

- Sim?

- Que foi, de repente caiu? Você desligou? É tão mal? Continua chateado com o Dayer?

- Não.

- Então me diga, você acredita nele? Estou vendo... Merda, não funciona assim! Como posso dizer – “ Nossa primavera foi maravilhosa, mas nosso verão terminou!” sem que pareça melodramático? O diretor gosta, tenho que encontrar uma forma. Thomas, está me ouvindo?

- Não, estou vendo você!


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É um dos diálogos mais lindos que já vi.
Curta-metragem contido no filme : Paris, je taime.




Tom Tikwer

Domina, supre e corrói...


Na segunda a sua vida vai bem, na terça você acorda de uma forma insatisfeita e durante a sua tarde começa a ter ideias afobadas para começar a satisfazer as suas vontades inesperadas de momento, podendo seguir ou não esse impulso que no outro dia pode lhe causar arrependimento ou satisfação.
Uma moça estava indo trabalhar, chegando na frente de seu escritório para um dia normal de trabalho simplesmente não conseguiu estacionar o carro e acabou fazendo retorno para ir em direção a um lugar surgido do nada na sua cabeça.
A grande questão aqui: nós devemos seguir os nossos impulsos, mesmo sabendo que eles só vão fazer sentido naquele momento e depois disso, eles poderão te transformar em um ser vil, irresponsável, sem coração ao olhar dos outros, pois não há explicação para o fato, devido ao período de validade para essas coisas, que é relâmpago e as instruções só podem ser lidas uma vez.
São feitos tantos julgamentos de pessoas que tomaram atitudes dessa forma, resumindo todos os anos, todas as ações e caráter em apenas um dia de ação inconseqüente. Será que é justo julga-las só porque tiveram o azar de serem pegas no flagra? Todas as mulheres passam por isso, só que a maioria prefere manter segredo, pois nas suas cabeças não existe nada melhor do que “segredos incríveis” para deixar a sua vida mais exitante.
Não existe coisa pior do que no final de toda a ação a pessoa sair arrependida por achar que aquilo não faz parte da sua personalidade. Por que se sentir dessa forma? Se de fato isso não é você, sendo apenas um instinto feminino que toma conta da sua razão e domina seus sentidos.
Mude cada dia de um jeito.

Deborah Viana

Limitação.

Só imita o que eu faço e se limita ao que eu finjo, sem nunca querer saber o sentido real da mentira.

Deborah Viana

Sim.

Outra...
Outro...
Outras...
Outros...
e eu.

Talento sem imaginação...


Quando um dia uma pessoa acorda e percebe que não possui talento, algo que depois de anos se tornou certeza, pois o tempo não perdoa e ele acabou de provar com o seu princípio da primazia da realidade (pois são os fatos que importam) que não tem jeito! Você não possui talento, pois se ainda não se manifestou depois de tanto tempo após o seu nascimento, não irá se manifestar nunca mais.
E se essa pessoa for formada, como escolheu seu curso? Jovem demais para saber o que queria realmente da vida, estava no terceiro ano do ensino médio com 16 anos. Não gostava de nada, só dos seus passatempos como leitura de banca de revista e séries de tv com conteúdo fora da sua realidade. Gostava de desenhar, mas não era boa nisso, nunca tinha recebido nenhum elogio pelos os seus trabalhos, até que um dia se irritou e largou tudo. O que fazer? Sempre foi muito estudiosa, mas totalmente perdida e sem direção, apesar de ser incrivelmente certinha e do tipo que quer agradar pais em todos os aspectos possíveis.
E para os pais o melhor para a sua cria seria um curso que poderia dar um “futuro garantido”, e qual seria? Nem eles sabiam, mas de uma coisa tinham certeza: não poderia ser algo que eles desconhecessem as suas possibilidades, ou seja, um curso surgido por esses tempos era completamente fora de questão, por ser considerado um tiro no escuro.
Sem saber até hoje como foi que aconteceu, aterrissou em uma profissão que jamais tinha passado pela a sua cabeça, que possui uma grande necessidade no mercado, mas que ninguém quer fazer o trabalho por ser considerado “chato” demais. Nunca ninguém perguntou histórias profissionais, pois só de ouvir a sua denominação as pessoas fazem uma cara de: “Hááá tá!”.
Mas a questão é: ser formada, ter uma especialização e perceber que não possui talento para nada! Como é que ficam as coisas? Por que isso acontece?
Você se formou e foi jogada para o mercado de trabalho, sempre muito competitivo e cheio de “indicações”, como sobreviver se não há talento e brilho nos olhos? Porém sabe fazer as coisas com qualidade e possui conhecimentos abrangentes e também é extremamente responsável com seus compromissos, profissional impecável. Mas a busca é pelo velho amigo de todas as horas para qualquer situação(já se tornou chato) que é o amor. O amor comprovadamente veste outras roupas e uma delas é o talento. Quando se ama alguém as pessoas se doam por completo! É a mesma coisa com a profissão.
O que fazer quando não se tem talento? O que fazer quando a pessoa se dá conta de que não tem nada? Todo mundo gosta de dinheiro, conforto, viajar e comer do bom e do melhor. Essa é a grande questão, para se conseguir isso tem que saber ganhar dinheiro, quando não se nasce em berço de ouro.
É claro que há uma conclusão racional para tudo o que foi dito ( lá vem o racional com o metodismo): estudar, força de vontade e objetivo! O que essa pessoa fez a vida inteira foi estudar, é única coisa que sabe fazer. Estudar para conseguir realizar as suas buscas para resolver questões como talento, amor e vocação. Percebe que o assunto principal do texto ficou em segundo plano? Conseguir o dinheiro primeiro para depois conseguir a satisfação e resolução para problemas . No mundo de hoje não há mais tempo para ficar chorando ou tendo crises existenciais, isso é privilégio para quem tem a vida ganha. Única saída: Praticidade.
E viva o calculista desalmado de sucesso que é um digno sobrevivente do nosso mundo moderno.
Déborah Viana

Efeito determinado por um sujeito indeterminado...


Hoje as coisas perderam sentido, para começarem a ganhar outro. Em uma simples frase de efeito sem sujeito determinado.
Déborah Viana

Ponto simples


Eu lembro de coisas antigas que antes achava difícil e que hoje acho tão simples.
Um ponto simples pode mudar toda a contextualização de um texto que antes, através de uma exclamação, possuia sentimento e que agora é apenas formalidade.

Deborah Viana

Escrever 3 vezes


Ando sem vontade de escrever, não entendo os meus "repentes" que passam por cima da minha preguiça e me faz escrever algo que está me sufocando naquele momento.
O mais comum é não escrever,então estou no meu normal por enquanto...não sei se é melhor assim, mas não me incomoda.

Parafraseando as suas realidades...



Tudo aconteceu de repente... sabe aqueles dias que você quer abrir uma janela sobre o devaneio?
Foi dessa forma que ela acordou, só que depois dessa manhã... a sua vida nunca mais foi a mesma. Como uma pessoa pode mudar dormindo? Dorme feliz e acorda desesperada? Será que são os sonhos, ou simplesmente a noite nos tornamos mais frágeis e acessíveis aos problemas, que durante o dia ficam escondidos em nossa rotina corrida.
Apenas observei o que estava acontecendo com ela, e tentava ajudar como podia... e decidi não me meter em suas decisões.
O sujeito nunca deve ser separado do verbo, essa é a regra. Nunca “A moça” está sozinha... ela deve estar ou em uma ação, ou sofrendo ou, finalmente, tendo algum tipo de emoção . Jamais quebraria está regra me tornando essa virgula, que interrompe o curso da vida de alguém, não sou egoísta.
E o pior de tudo...é que eu não possuo a solução para este desespero repentino...acredito que só o tempo nos faz esquecer, junto com novas experiências e o surgimento de novos problemas.
Culpadas são as emoções que são completamente efêmeras.

Pequenas lembranças


- Eu estou bonita de azul?

- Sim, você está bonita de azul! Mas apenas na sua mente, pois está fugindo da realidade cada dia mais.

E quando percebeu isso tudo, sentada em uma cadeira com uma linda vista para um rio, com o uma brisa leve tocando o seu rosto, ela baixou a cabeça e começou a chorar de uma forma desesperadora.

Foi só agora que tudo foi desvendado.

Nossa quinta-feira...


Querida amiga,
não existe senso comum na maioria das pessoas, o egoísmo impera sobre os seus corações de uma forma assustadora, até lhe confesso que já fui egoísta muitas vezes. Não é se corromper , acredito que seja instinto do ser humano. Algo meio selvagem de querer ter tudo para si, devido ao medo de acabar sem nada e sozinho no final do trajeto.
Aprendi a não me decepcionar, apenas a não ligar. Pois se fosse para parar e dar importância sempre a essas situações, eu já estaria sem cabelo e doente. Quem nunca foi traído por um amigo? Ou traído por um amor que parecia eterno? Com toda a certeza a maioria iria dizer que sim, isso faz parte do aprendizado da vida, e esse tipo de situação ainda nos faz ficar mais fortes e atentos para a próxima rodada.
Mas é claro que não podemos ser totalmente pessimistas, não é? Também já conheci pessoas que me surpreenderam logo de cara, e que nunca me decepcionaram. Isso é raro, por isso é tão precioso. Me sinto sortuda por possuir , e você é umas das personagens principais desse meio.
Agora mesmo estou escutando a música que você me enviou “Better version of me”, realmente lembra um pouco a minha vida, admito que as vezes sou uma pessoa assustada e inconstante. São épocas, são tpms, são desilusões passageiras. Sempre tento manter o bom humor, ninguém merece que eu desconte a minha raiva por algo que não teve culpa, e também não permito que façam o mesmo comigo.
Por isso nos damos tão bem, somos parecidas nesse sentido. Nunca brigamos por nada, não é? O que mais será que nos aguarda nessa quinta-feira? Será que vamos nos ver? Espero que sim, nem que seja para lhe dar um abraço forte e longo.
Hoje a minha mente está leve, nada de muito profundo ou intenso.
Fique bem minha amiga Alice.

Deborah Viana

Deborah.

Ela passa por mim como quem não quer nada. E eu também não quero. Pelo menos nada de mais.O caso é que ela me parece tão interessante. Assim, loirinha dos óculos coloridos e sorriso contagiante. Mas fechada como uma ostra.Demorou para que ela me notasse. Que me dirigisse um simples oi, que se importasse com o que eu penso. Não por ser mal educada, ou desinteressada. Simplesmente porque tinha problemas demais com gente que tinha sentimento de menos. Quando percebi, a sua história era tão parecida com a minha que foi interessante conversar.E foi naquela sacada que tudo começou. Ouvir sua história não me parecia novidade. Tudo que ela me falava parecia estranhamente familiar e constrangedoramente comum. Como que num passe de mágica, já nem precisávamos falar para nos entendermos, o que persiste. Essa menina-mulher tão cheia de sonhos e ambições, consegue deter muito do meu interesse, carinho e preocupação.Sabe, quando a gente menos espera, o amor se apresenta das formas mais diversas, se aloja em nosso peito, e não sai mais.
Texto dedicado a uma grande amiga.

Escrito por Alice maneschy às 9:08 PM


P.s.: Obrigada amiga...você é a única que me lê.

A linda fase da praticidade...


Aquela moça achava que precisava de uma pessoa para que tudo fosse se acertar na sua vida, que deveria fazer mudanças interiores para que tudo voltasse a funcionar, questões sobre liberdade, carinho e atenção.
Mas na realidade, o problema não era esse...mesmo quando estava se relacionando com a pessoa que mais queria, teve um determinado tempo em seu relacionamento que não estava mais feliz, vivia se sentindo mal, derrotada, com medo, insatisfeita e totalmente frustrada. Como lidar com esses sentimentos? Deveria estar bem e correndo atrás dos seus objetivos.
Levou a pessoa que amava para o abismo junto com ela, e a mesma também estava passando por momentos delicados, acabou não aguentando e preferiu se separar de tudo aquilo. Um namoro deve fazer bem e não trazer tempestade, talvez esse tipo de problema precise de laços mais fortes, geralmente duas pessoas jovens não resistem e algumas vezes nem casamentos , tirando os de vinte e poucos anos que talvez tenham base para suportar.
É verdade, o amor não segura relacionamentos. Cada um possui as suas necessidades, ninguém é obrigado a passar junto com você fases complicadas que acabam prejudicando indiretamente a sua vida.
A moça decidiu se levantar e consertar o que estava errado, finalmente sabia qual era o problema, o seu foco estava complemente desviado. O que estava acontecendo, era o comodismo com as coisas, e foi necessário haver mudanças drásticas e forçadas para que tudo fosse percebido.
Agora é recomeçar... sorte é que ela ainda tem vinte e quatro anos e o tempo ainda é o seu amigo. Finalmente vai correr atrás do que mais quer. Metas definidas e cumpridas a deixam segura e satisfeita . E chega de sentimentalismo barato que não leva a nada e nunca fez parte do seu perfil, e viva a volta da praticidade e do realismo.
E relacionamentos? Quando tudo estiver certo dentro dela mesmo poderá gostar outra vez, pois uma pessoa triste não faz a outra feliz.

Deborah Viana

Tempo...

Procurar não ter tempo para mais nada...

Frases com perguntas e afirmações...


Aquela moça, que nunca atrevi dizer o nome, passou ao meu lado sem dizer ao menos uma palavra.
Eu conheço a sua história, ela sempre foi tão triste... ou pelo menos demonstrava esse sentimento, mas nunca me pareceu fraca. Quem disse que a tristeza vem junto com a fraqueza? Sinceramente nunca acreditei nisso, e aquela pessoa considerada a mais triste do mundo também passava a impressão de ser a mais forte de todas.
E ela tinha muito para contar, mas não podia, pois ninguém gostava do que ela escrevia. Poderia ser através de poesia ou então prosa, as pessoas não gostavam, achavam chato, entediante, que não possuía originalidade e sentimento.
Do que elas entediam do sentimento da moça para falarem esse tipo de coisa? Isso lhe causava revolta e reclusão. Só porque sentia tristeza e não se entregava, não poderia escrever textos cheios de emoções?
Levou a sério o que os outros diziam e acabou parando de escrever achando que tudo o que sentia era banal. Depois de um tempo ficou doente, afirmaram que tinha entrado em depressão. Por quê? Era tão forte!
Foi então que descobriu que a sua força era produzida quando escrevia, de alguma forma era um desabafo, depois de pronto não demorava muito para sair o peso do seu corpo. Ela não escrevia para os outros, mas para si mesma, não importa se entendiam ou não, o importante é ela pegar tudo um dia, reler e achar graça.
Para Alice Maneschy .

Eu não cuido do meu pé...


Nunca prestei muita atenção nele.
Por isso, não lembro de como era quando criança.
Se era bonito e gordinho ou feio magrelo,
se era branquinho uniforme ou se era manchado.
Na adolescência comecei a notá-lo, pois achava que tinha algo de muito estranho.
Ele parecia feio e mal cuidado, manchado e grosseiro.
Antes o que ignorava passei a odiar.
Por que ele é assim?
Comecei a olhar o de outras pessoas para comparar, mas... ele sempre era o pior.
Esconder era a melhor solução!
Passando a adolescência parei com o ódio e voltei a ignorar.
Já não tinha tanta importância que antes, mas também não vivia para expor por ai.
Até que hoje, eu percebi que o problema não era com ele.
Eu nunca parei para observar-lo, sabia que estava ali... mas não me importava.
E quando notei, não parei para cuidar, fazer alguma coisa para mudar.
E depois... o coloquei novamente de lado,
ficou jogado sem ninguém para olhar por ele, e só foi piorando cada vez mais.
Chegando a um estágio que não tinha mais jeito.
Eu só precisava ter tido zelo no passado para transformar a realidade de hoje.
Agora eu cuido, algo já melhora!
Mas existem coisas que não possuem mais soluções e que foram perdidas no tempo.
E não adianta pedir desculpas pela a omissão.
O que está feito, está feito!
O que era simples de resolver, pode se tornar irreversível.
E era tudo uma questão de sensibilidade.

Deborah Viana

Enquanto respirar...

Ontem, eu assisti o show do Teatro Mágico, e essa última música mexeu comigo de uma forma, que eu não sei explicar...

O Anjo Mais Velho
O Teatro Mágico
Composição: Fernando Anitelli

"O dia mente a cor da noite
E o diamante a cor dos olhos
Os olhos mentem dia e noite a dor da gente"
Enquanto houver você do outro lado
Aqui do outro eu consigo me orientar
A cena repete a cena se inverte
Enchendo a minh'alma d'aquilo que outrora eu deixei de acreditar
Tua palavra, tua história
Tua verdade fazendo escola
E tua ausência fazendo silêncio em todo lugar
Metade de mim
Agora é assim
De um lado a poesia, o verbo, a saudade
Do outro a luta, a força e a coragem pra chegar no fim
E o fim é belo incerto... depende de como você vê
O novo, o credo, a fé que você deposita em você e só
Só enquanto eu respirar
Vou me lembrar de você
Só enquanto eu respirar

Seis horas da manhã...


Sonhos estranhos a noite inteira, dizendo faça por você... e de manhã, já não tinha forças para levantar da cama. Queria passar o dia ali deitada com preguiça, com um clima bem agradável . Nem quente e nem frio, a janela entreaberta entrando apenas uns raios de luz bem fracos, com uma música ambiente estilo Pablo Honey, a minha cama bem aconchegante e os meus travesseiros espalhados.
É impossível, a minha cabeça não para, vivo pensando nos problemas e futuras soluções, o meu futuro é o assunto principal dela. Ontem e hoje tomei decisões importantes para a minha vida. Perdi muito tempo com a minha mente fechada, a teoria já está completa, agora colocarei tudo em prática.
Antes o que parecia estar longe, agora está batendo na minha porta. É engraçado como a vida de alguém pode mudar tanto e de forma rápida em tão pouco tempo, não é? As mudanças são precisas e devemos trabalhar em cima delas e nos adaptar, para tirar todas as vantagens possíveis.
Colocar medos em prova e enfrentar novas situações, hoje acordei com esse pequeno ar de ação e intrepidez. Queria acordar dessa forma todos os dias, apesar de não ser como gostaria.
Engraçado, algo no passado que tanto procurava e precisava , hoje encontrei... mas não me importa mais.

Deborah Viana

Eu sei...


Me sustenta, me alicerça com o peso do seu mundo acima de qualquer sombra de árvore, não quero aconchego alheio, simplesmente quero só o seu.
Se não pode me dar, não quero de mais ninguém, pois com você eu sou feliz de fato, de fato eu sou feliz, qualquer um na rua pode sentir as vibrações que transmito somente no meu olhar quando lhe vejo, será que é só você que não percebe isso?
Sei que não posso lhe ter o dia inteiro e todos os dias, e que devo me acostumar assim, pois ninguém é dono de ninguém, mas como eu queria lhe respirar.
Eu sempre penso nas coisas que só eu e você podemos nos oferecer, garanto que pessoas no meio sentimental não são substituíveis.
Sempre se achou o tipo mais frio que existe e também me classificava dessa forma, admito que não fui uma das mais sensíveis e carinhosas, no entanto sei que mudei, e tenho até inspiração para falar coisas bonitas e ter um coração menos gelado e mais aconchegante. Não vou negar que aprendi muita coisa errando com você, e da pior forma consegui assimilar, não tendo ninguém para me ensinar como você fazia, a única coisa boa é que aprendi por mim mesma, mas o preço que paguei foi muito alto.
Hoje eu sei e não sei o que fazer.
Deborah Viana

Vinicius.


"A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana.A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo,o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se,o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre."

Vinicius de Moraes


Aqui o Vinicius...

Faubourg Saint-Denis


"Escuta.
Às vezes a vida exige uma mudança.
Uma transição.
Como as estações.
Nossa primavera foi maravilhosa, mas o verão terminou e deixamos passar o nosso outono.
E agora, de repente, faz frio, tanto frio que tudo se congela.
Nosso amor dormiu e a neve o tomou de surpresa.
E se dormes na neve não sentes vir a morte.
Cuide-se."

Por que eu gosto tanto desse filme?

Deborah escute...

Escafandro...


A calçada azul poderia ser determinante para a sua vida, nada pode dizer em relação a tudo além da imaginação daquela pessoa que não entendia nada sobre o que era real.
Não entender sobre o que estava dentro de você é muito difícil, estou com medo de monstros interiores que perturbam a sua cabeça vinte quatro horas por dia. Está na hora de tomar uma atitude no meio dessa bagunça e desse baralho todo desorganizado da sua mente corrupta.
No meio do seu egoísmo e egocentrismo ideológico, você não poderia sofrer todas as conseqüências de uma vida sem sentido e razão.
E o seu coração é tão gelado como uma pedra de gelo, nunca te vi derramar nenhuma lagrima...quando está só se desespera demais.
Não se desespere e não crie o seu escafandro interior.
Déborah Viana

Apaga...


Ontem depois de um fato já esperado você chorou...

era invitável esse acontecimento, todos já sabiam e o pior de tudo, tinha sido escolha sua jogar tudo para o alto e não se importar com a descida.

Você logo seguiu a sua vida, disse que não olhou para trás e não se importou com saudades.

E que tudo o que você tinha não era amor, poderia ter sido no início, mas agora o sentimento se transformou, será que amor acaba?

E que o resto é apenas costume, convívio e rotina...nada que o tempo não possa apagar, não é?

Agora está apaixonada e quase amando outro alguém, que essa pessoa lhe da tudo o que nunca lhe deram antes e finalmente está feliz.

Foi escolha sua...determinou o seu destino, controla os seus sentimentos, é uma pessoa racional acima de tudo.

Mas...para conhecimento:

Por que você chorou depois que soube que seguiram em frente?

Não entendo...

Então me aproximo e digo que esse não era o momento de vocês ficarem juntos, não estavam preparados para o agora, e era necessário se separar para não mudar o sentimento e permanecer intacto. Estando com outras pessoas vocês irão aprender bastante e quem sabe no final cada um esteja perfeito para o outro e finalmente poderão ficar juntos.

Mas não posso dizer que é para sempre, pois nesses tempos modernos eu não acredito em casais felizes eternos. Seja feliz até quando durar e depois siga esse processo descrito que é o mesmo seguido pela a maioria da população mundial ou pelo menos a paraense.

Deborah Viana

mudanças...


Foi depressa... de tão rápido que causou danos eternos.

Dizem que foi necessário, pois a pior coisa são as pessoas que se acomodam, mas tinha que ser dessa forma tão brusca?

Como sempre os danos que ela lhe traz, demora um pouco para curar...e é claro que desaparecem!

É hoje, ou amanhã... eu to sentindo uma coisa estranha...e não importa o que é....

apenas para registrar, a sua forma através de palavras... que só eu entendo e não tento explicar, para suprimir uma vontade intensa de fazer o que eu não posso.

Hoje dia 11 de Janeiro é um dia feliz, e sinto mudanças....


Déborah Viana - entre idioteques e idiotas pós auto censura.


Superação...

Tentei me reestrurar, mas vou ter que me reconstruir!
Eu tentei...mas não consegui mudar...
mas cansei... e não dá mais.

Não tenho idade para me acomodar.
Quero outra fase...
descobri que não gosto de rotinas, e que ninguém nunca entende
o que quero dizer.
E às vezes o que eu quero eu não faço, e o que eu faço é o que eu não quero.
Por que? Não gosto de rotinas...mesmice...não sou estável...sou impulsiva...mudo do nada e sem querer.