Faubourg Saint-Denis
Postado por
Deborah Viana
on quinta-feira, 30 de julho de 2009
Marcadores:
Meus filmes...
- Sim?
- Thomas,escuta...
- Francine!
- Escuta... Ás vezes a vida exige uma mudança, uma transição; Como as estações! Nossa primavera foi maravilhosa, mas o verão acabou e deixamos passar nosso outono. E agora, de repente, faz frio, tanto frio que está tudo congelado. Nosso amor dormiu e a neve tomou-o de surpresa! E se algo dorme na neve, não sente a morte chegar! Cuide-se...
(...)
- Deixe-me sair!
- Francine, eu me lembro perfeitamente. Era 15 de Maio. A primavera tardava em chegar e se formavam nuvens de chuva. E você gritava.
- Bruno, por favor! Não agüento mais você!
- Olá? Estou ouvindo! Quem é Bruno?
- Estou ensaiando não percebe?
- Não, desculpe! ( Ela percebe que Thomas é cego)
- Não, desculpe-me.
- É atriz?
- Estou tentando! Hoje tenho uma apresentação. l
- No Conservatório?
- Sim.
- Que tipo de cena foi essa?
- É de um filme que atuei. Meu único até agora. Sou uma prostituta que é golpeada e violentada pelo seu gigolô. E ele a tranca em uma cela escura todo o dia e ela ficou louca. Mas no final eles se casam!
- Um gigolô e uma prostituta!?
- Merda! São dez horas? Tenho que estar lá às dez horas!
- Conheço um atalho, vamos?
- Espera...
- Por aqui!
- Está certo?
- Tudo certo!
(...)
- Isso foi rápido! Obrigada.
- Boa sorte.
(..)
- E claro, aceitaram. Deixar Boston e se mudar a Paris. Um pequeno apartamento em uma rua de Saint-Denis. Mostrei a ela meu bairro, meus bares, minha escola. Apresentei meus amigos, meus pais; Escutei-a enquanto ensaiava suas canções, suas esperanças, seus desejos. Sua música! E você escutou a minha. Meu italiano, meu alemão, meu russo. Dei-te um walkman e você uma almofada. E um dia ela me beijou! O tempo passou, o tempo voou. E tudo parecia tão fácil, tão simples! Livre, tão novo e único. Fomos ao cinema, fomos dançar fazer compras. Nós rimos você chorou. Nadamos, fumamos, nos machucamos. De vez em quando você gritava, sem razão. Ás vezes com razão, sim, às vezes com razão! Acompanhei-te até o Conservatório, estudei para minhas provas. Escutei suas canções, suas esperanças, seus desejos. Escutei sua música e você escutou a minha. Estávamos unidos, tão unidos, cada vez mais unidos! Fomos ao cinema, fomos nadar. Nós riamos juntos, você gritava as vezes com razão e as vezes sem razão! O tempo passou, o tempo voou. Acompanhei-te até o Conservatório, estudei para minhas provas. Escutou-me falar em italiano, alemão, russo e francês! Estudei para minhas provas! Você gritava, as vezes com razão... O tempo passou, sem razão! Você gritava sem razão! Estudei para minhas provas, provas, provas... O tempo passou e você gritava, gritava,gritava! Fui ao cenema.
- Bruno, estou morrendo aqui! Entende, estou morrendo! Abre! Alguém me ouve?
- Perdoe-me Francine!?
(...)
- Sim?
- Que foi, de repente caiu? Você desligou? É tão mal? Continua chateado com o Dayer?
- Não.
- Então me diga, você acredita nele? Estou vendo... Merda, não funciona assim! Como posso dizer – “ Nossa primavera foi maravilhosa, mas nosso verão terminou!” sem que pareça melodramático? O diretor gosta, tenho que encontrar uma forma. Thomas, está me ouvindo?
- Não, estou vendo você!
-------------------------------------------------------------------------------
É um dos diálogos mais lindos que já vi.
Curta-metragem contido no filme : Paris, je taime.
Tom Tikwer
0 comentários:
Postar um comentário