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Livre...


Perdi lembranças marcadas dentro do meu computador de forma forçada. E eu uma colecionadora de recordações não aceitei de maneira fácil, pois acabei ficando sem nenhuma foto.
Uma forma obrigatória de começar de novo e de ter certeza que lembranças não podem ser colecionadas, elas devem ser livres para se perderem quando quiserem.
Déborah Viana

Faubourg Saint-Denis



- Sim?

- Thomas,escuta...

- Francine!

- Escuta... Ás vezes a vida exige uma mudança, uma transição; Como as estações! Nossa primavera foi maravilhosa, mas o verão acabou e deixamos passar nosso outono. E agora, de repente, faz frio, tanto frio que está tudo congelado. Nosso amor dormiu e a neve tomou-o de surpresa! E se algo dorme na neve, não sente a morte chegar! Cuide-se...

(...)

- Deixe-me sair!

- Francine, eu me lembro perfeitamente. Era 15 de Maio. A primavera tardava em chegar e se formavam nuvens de chuva. E você gritava.

- Bruno, por favor! Não agüento mais você!

- Olá? Estou ouvindo! Quem é Bruno?

- Estou ensaiando não percebe?

- Não, desculpe! ( Ela percebe que Thomas é cego)

- Não, desculpe-me.

- É atriz?

- Estou tentando! Hoje tenho uma apresentação. l

- No Conservatório?

- Sim.

- Que tipo de cena foi essa?

- É de um filme que atuei. Meu único até agora. Sou uma prostituta que é golpeada e violentada pelo seu gigolô. E ele a tranca em uma cela escura todo o dia e ela ficou louca. Mas no final eles se casam!

- Um gigolô e uma prostituta!?

- Merda! São dez horas? Tenho que estar lá às dez horas!

- Conheço um atalho, vamos?

- Espera...

- Por aqui!

- Está certo?

- Tudo certo!

(...)

- Isso foi rápido! Obrigada.

- Boa sorte.

(..)

- E claro, aceitaram. Deixar Boston e se mudar a Paris. Um pequeno apartamento em uma rua de Saint-Denis. Mostrei a ela meu bairro, meus bares, minha escola. Apresentei meus amigos, meus pais; Escutei-a enquanto ensaiava suas canções, suas esperanças, seus desejos. Sua música! E você escutou a minha. Meu italiano, meu alemão, meu russo. Dei-te um walkman e você uma almofada. E um dia ela me beijou! O tempo passou, o tempo voou. E tudo parecia tão fácil, tão simples! Livre, tão novo e único. Fomos ao cinema, fomos dançar fazer compras. Nós rimos você chorou. Nadamos, fumamos, nos machucamos. De vez em quando você gritava, sem razão. Ás vezes com razão, sim, às vezes com razão! Acompanhei-te até o Conservatório, estudei para minhas provas. Escutei suas canções, suas esperanças, seus desejos. Escutei sua música e você escutou a minha. Estávamos unidos, tão unidos, cada vez mais unidos! Fomos ao cinema, fomos nadar. Nós riamos juntos, você gritava as vezes com razão e as vezes sem razão! O tempo passou, o tempo voou. Acompanhei-te até o Conservatório, estudei para minhas provas. Escutou-me falar em italiano, alemão, russo e francês! Estudei para minhas provas! Você gritava, as vezes com razão... O tempo passou, sem razão! Você gritava sem razão! Estudei para minhas provas, provas, provas... O tempo passou e você gritava, gritava,gritava! Fui ao cenema.

- Bruno, estou morrendo aqui! Entende, estou morrendo! Abre! Alguém me ouve?

- Perdoe-me Francine!?

(...)

- Sim?

- Que foi, de repente caiu? Você desligou? É tão mal? Continua chateado com o Dayer?

- Não.

- Então me diga, você acredita nele? Estou vendo... Merda, não funciona assim! Como posso dizer – “ Nossa primavera foi maravilhosa, mas nosso verão terminou!” sem que pareça melodramático? O diretor gosta, tenho que encontrar uma forma. Thomas, está me ouvindo?

- Não, estou vendo você!


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É um dos diálogos mais lindos que já vi.
Curta-metragem contido no filme : Paris, je taime.




Tom Tikwer

Domina, supre e corrói...


Na segunda a sua vida vai bem, na terça você acorda de uma forma insatisfeita e durante a sua tarde começa a ter ideias afobadas para começar a satisfazer as suas vontades inesperadas de momento, podendo seguir ou não esse impulso que no outro dia pode lhe causar arrependimento ou satisfação.
Uma moça estava indo trabalhar, chegando na frente de seu escritório para um dia normal de trabalho simplesmente não conseguiu estacionar o carro e acabou fazendo retorno para ir em direção a um lugar surgido do nada na sua cabeça.
A grande questão aqui: nós devemos seguir os nossos impulsos, mesmo sabendo que eles só vão fazer sentido naquele momento e depois disso, eles poderão te transformar em um ser vil, irresponsável, sem coração ao olhar dos outros, pois não há explicação para o fato, devido ao período de validade para essas coisas, que é relâmpago e as instruções só podem ser lidas uma vez.
São feitos tantos julgamentos de pessoas que tomaram atitudes dessa forma, resumindo todos os anos, todas as ações e caráter em apenas um dia de ação inconseqüente. Será que é justo julga-las só porque tiveram o azar de serem pegas no flagra? Todas as mulheres passam por isso, só que a maioria prefere manter segredo, pois nas suas cabeças não existe nada melhor do que “segredos incríveis” para deixar a sua vida mais exitante.
Não existe coisa pior do que no final de toda a ação a pessoa sair arrependida por achar que aquilo não faz parte da sua personalidade. Por que se sentir dessa forma? Se de fato isso não é você, sendo apenas um instinto feminino que toma conta da sua razão e domina seus sentidos.
Mude cada dia de um jeito.

Deborah Viana

Limitação.

Só imita o que eu faço e se limita ao que eu finjo, sem nunca querer saber o sentido real da mentira.

Deborah Viana

Sim.

Outra...
Outro...
Outras...
Outros...
e eu.

Talento sem imaginação...


Quando um dia uma pessoa acorda e percebe que não possui talento, algo que depois de anos se tornou certeza, pois o tempo não perdoa e ele acabou de provar com o seu princípio da primazia da realidade (pois são os fatos que importam) que não tem jeito! Você não possui talento, pois se ainda não se manifestou depois de tanto tempo após o seu nascimento, não irá se manifestar nunca mais.
E se essa pessoa for formada, como escolheu seu curso? Jovem demais para saber o que queria realmente da vida, estava no terceiro ano do ensino médio com 16 anos. Não gostava de nada, só dos seus passatempos como leitura de banca de revista e séries de tv com conteúdo fora da sua realidade. Gostava de desenhar, mas não era boa nisso, nunca tinha recebido nenhum elogio pelos os seus trabalhos, até que um dia se irritou e largou tudo. O que fazer? Sempre foi muito estudiosa, mas totalmente perdida e sem direção, apesar de ser incrivelmente certinha e do tipo que quer agradar pais em todos os aspectos possíveis.
E para os pais o melhor para a sua cria seria um curso que poderia dar um “futuro garantido”, e qual seria? Nem eles sabiam, mas de uma coisa tinham certeza: não poderia ser algo que eles desconhecessem as suas possibilidades, ou seja, um curso surgido por esses tempos era completamente fora de questão, por ser considerado um tiro no escuro.
Sem saber até hoje como foi que aconteceu, aterrissou em uma profissão que jamais tinha passado pela a sua cabeça, que possui uma grande necessidade no mercado, mas que ninguém quer fazer o trabalho por ser considerado “chato” demais. Nunca ninguém perguntou histórias profissionais, pois só de ouvir a sua denominação as pessoas fazem uma cara de: “Hááá tá!”.
Mas a questão é: ser formada, ter uma especialização e perceber que não possui talento para nada! Como é que ficam as coisas? Por que isso acontece?
Você se formou e foi jogada para o mercado de trabalho, sempre muito competitivo e cheio de “indicações”, como sobreviver se não há talento e brilho nos olhos? Porém sabe fazer as coisas com qualidade e possui conhecimentos abrangentes e também é extremamente responsável com seus compromissos, profissional impecável. Mas a busca é pelo velho amigo de todas as horas para qualquer situação(já se tornou chato) que é o amor. O amor comprovadamente veste outras roupas e uma delas é o talento. Quando se ama alguém as pessoas se doam por completo! É a mesma coisa com a profissão.
O que fazer quando não se tem talento? O que fazer quando a pessoa se dá conta de que não tem nada? Todo mundo gosta de dinheiro, conforto, viajar e comer do bom e do melhor. Essa é a grande questão, para se conseguir isso tem que saber ganhar dinheiro, quando não se nasce em berço de ouro.
É claro que há uma conclusão racional para tudo o que foi dito ( lá vem o racional com o metodismo): estudar, força de vontade e objetivo! O que essa pessoa fez a vida inteira foi estudar, é única coisa que sabe fazer. Estudar para conseguir realizar as suas buscas para resolver questões como talento, amor e vocação. Percebe que o assunto principal do texto ficou em segundo plano? Conseguir o dinheiro primeiro para depois conseguir a satisfação e resolução para problemas . No mundo de hoje não há mais tempo para ficar chorando ou tendo crises existenciais, isso é privilégio para quem tem a vida ganha. Única saída: Praticidade.
E viva o calculista desalmado de sucesso que é um digno sobrevivente do nosso mundo moderno.
Déborah Viana

Efeito determinado por um sujeito indeterminado...


Hoje as coisas perderam sentido, para começarem a ganhar outro. Em uma simples frase de efeito sem sujeito determinado.
Déborah Viana